Vacinação infantil obrigatória contra a Covid-19 gera debate em audiência da Câmara

A Câmara de Vereadores de Criciúma realizou, nesta quarta-feira (4), uma audiência pública na sede da Associação Empresarial de Criciúma (Acic), com foco no debate sobre a compulsoriedade da vacinação contra a Covid-19 em crianças. A iniciativa partiu do vereador Ademir José Honorato, com apoio do vereador Dr. Luiz Carlos Custódio Fontana, ambos do Partido Liberal (PL), e teve como objetivo promover um espaço de diálogo entre representantes da sociedade civil, profissionais da saúde, pais e autoridades públicas.
Estiveram presentes na mesa da audiência a deputada federal Julia Zanatta, o pneumologista Dr. Renato Matos, o microbiologista Caio Roberto Salvino, o suplente de vereador Lucas Dalló, além dos vereadores proponentes.
Durante a abertura, o vereador Ademir José Honorato destacou a importância de tratar o tema com responsabilidade e respeito. “A liberdade é de todo mundo. O problema é a obrigação. O tema da compulsoriedade da vacinação infantil contra a Covid-19 é sensível e precisa ser tratado com responsabilidade, respeito e embasamento científico”, afirmou.
A deputada federal Julia Zanatta foi enfática ao criticar a obrigatoriedade da vacinação em crianças e questionou a abordagem adotada pelo Brasil. “O Brasil é o único país do mundo que obriga a vacinação em bebês para Covid, outros somente recomendam. Nos Estados Unidos, crianças saudáveis são recomendadas a não tomarem a vacina”, afirmou. A deputada defendeu que o Estado deve oferecer a vacina, mas não impor sua aplicação. “O povo desconfia quando algo é imposto. A coação não convence, só afasta”, concluiu.
O vereador Dr. Luiz Carlos Custódio Fontana reforçou a importância da vacina, mas ponderou sobre o receio dos pais. “Eu fiz a vacina, participei da pesquisa aqui no Hospital São José, e confio na ciência. Mas entendo o direito das famílias de questionar, principalmente com as mudanças rápidas e a politização que envolveu a vacinação infantil.”
O pneumologista Dr. Renato Matos lembrou o papel coletivo da imunização. “A vacina não é um tratamento individual. Quando vacino meu filho, estou protegendo a comunidade. Algumas doenças exigem alta cobertura vacinal para conter a transmissão, como é o caso do sarampo. Com a Covid-19, o raciocínio é o mesmo”, explicou.
Já o microbiologista Caio Roberto Salvino apresentou uma visão crítica quanto à tecnologia das vacinas de mRNA (mensageiro RNA). Segundo ele, a aprovação da vacina da Pfizer para crianças a partir de seis meses baseou-se em estudos limitados. “A CONITEC reconheceu que a evidência era muito baixa para eficácia e segurança, mesmo assim a vacina foi aprovada. A ciência de verdade respeita a dúvida, investiga o risco e protege a vida, não por interesse político ou financeiro”, afirmou.
O suplente de vereador Lucas Dalló também criticou a forma como a obrigatoriedade foi implementada. “Nada contra as vacinas, mas contra a imposição. As mesmas pessoas que defenderam o lockdown e medidas posteriormente desmentidas, agora querem decidir pelos pais novamente”, pontuou.
Encaminhamentos
Como resultado do encontro, foram definidos quatro encaminhamentos principais:
- Solicitação de apoio do poder público municipal às vítimas de reações adversas relacionadas à vacinação contra a Covid-19;
- Envio de ofício à Defensoria Pública Estadual, solicitando esclarecimentos sobre o atendimento às famílias que relatam complicações pós-vacina;
- Promoção de uma campanha pública de informação sobre vacinas, com o objetivo de ampliar o conhecimento e esclarecer dúvidas da população;
- Ampliação dos debates.