Doação de órgãos: um gesto de empatia que salva vidas

Doação de órgãos: um gesto de empatia que salva vidas
Equipe da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos

A vida do médico do trabalho, Luiz Guilherme Teixeira Desessards, seria bem diferente se não fosse pela doação de um rim por um doador anônimo. Depois de ter sido diagnosticado com glomerulonefrite, uma doença que provoca a inflamação de uma região do rim, ele passou a fazer acompanhamento médico. Contudo, no ano de 2019 o médico sofreu um choque elétrico e ocasionou o aumento gradativo nas taxas de creatinina, mas foi em agosto 2020 que ele precisou iniciar o processo de hemodiálise, procedimento através do qual uma máquina filtra e limpa o sangue, fazendo parte do trabalho que o rim doente não pode fazer.

O processo de hemodiálise do Dr. Luiz ocorria três vezes por semana e cada sessão durava três horas. Logo no início do diagnóstico ele inscreveu-se no programa de transplante renal, sendo que na sua família não havia nenhum doador compatível. Em novembro do mesmo ano o médico recebe uma ligação dizendo que havia um rim disponível, entretanto, o seu médico achou o procedimento de transplante arriscado devido a pandemia. Assim, ele continuou com o processo de hemodiálise, mas no dia 27 de agosto de 2021 tudo mudou! Neste dia, Luiz recebe um telefonema informando que havia um rim disponível para ele e que teria apenas 10 minutos para decidir. “Obviamente eu aceitei na hora e no outro dia de manhã cedo foi realizado o transplante, o qual ocorreu tudo bem”, conta o médico do trabalho.

 

De acordo com a coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do Hospital Unimed Chapecó, a médica intensivista e cooperada, Silvia Maria Fachin, a lista de espera por um órgão para transplante é muito grande – quase 60 mil brasileiros estão na fila. Porém, a taxa de doação é em torno de 15 a cada 1 milhão de pessoas. A maioria está à espera de um rim, seguido de córneas, fígado, pâncreas/rim, coração, pulmão e outros. Ela explica também que, para ser candidato a receber um órgão por transplante, é preciso preencher critérios específicos para cada órgão, cabendo ao médico especialista de cada paciente, avaliar cada caso e definir por esta indicação. “Quando o paciente é cadastrado, entra em uma fila de espera por ordem de chegada.

 

 Uma vez que um órgão é disponibilizado, os pacientes considerados mais graves podem ter a preferência, se forem compatíveis. Todo este processo é coordenado pela Central Estadual de Transplantes (CET), que faz parte do Sistema Nacional de Transplantes. Vale lembrar que todo o processo se dá através do Sistema Único de Saúde (SUS)”, explica a médica.

 

            Desde 2013 o Hospital Unimed Chapecó possui uma Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante. A comissão está presente em hospitais que tratam de pacientes críticos e é responsável por viabilizar o processo de identificação do possível doador, auxiliar no manejo adequado destes casos e acompanhar o processo diante do diagnóstico de morte encefálica (ME), além de articular todo o processo junto a Central Estadual de Transplantes e, especialmente, acolher as famílias neste processo.

“Este momento é muito importante, pois é quando as famílias mais precisam de apoio, acolhimento e, principalmente, informação. Por isso, a CIHDOTT é composta por enfermeiros da UTI e do centro cirúrgico, assistente social e psicólogas além de médicos intensivistas e neurologistas que atuam com cuidado durante todos os processos, seja com o paciente ou com a família. Nosso trabalho é realizado para trazer conforto a todos e possibilitar que mais pessoas possam ter uma segunda chance”, finaliza a médica.