A Unesc teve mais uma importante conquista na área de pesquisa e de qualificação profissional. O projeto do doutorado em Ciência e Engenharia de Materiais da Instituição foi aprovado pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, vinculada ao Ministério da Educação), fazendo da Universidade a primeira IES (Instituição de Ensino Superior) entre Florianópolis e Porto Alegre a possuir um curso stricto sensu na área de Engenharia. A Unesc possui sete PPGs (Programas de Pós-Graduação) que oferecem sete mestrados e com a novidade, passará a ofertar três doutorados.
A reitora da Unesc, Luciane Ceretta, comemora a conquista e afirma que a aprovação do doutorado representa os esforços da Universidade para qualificar a pesquisa na área das engenharias bem como a inovação. “O doutorado vai trazer resultados muito significativos da qualificação dos cursos de graduação, soluções para o setor produtivo, contribuindo para o desenvolvimento da região, porque está é uma das missões mais importantes da Universidade. Todos os programas ou novos projetos que são desenvolvidos têm essa perspectiva de analisar primeiro o cenário e ver de que modo a Unesc pode contribuir com ele”, afirma.
Segundo a reitora, foi identificada a necessidade de um doutorado na área das engenharias e a Universidade então, elaborou o projeto. “Temos excelentes perspectivas tanto de procura pelo curso, porque ele permitirá o desenvolvimento de grandes projetos, temos uma rede muito bem estabelecida com outras Instituições e Programas de Pós-Graduação”, reforça.
O doutorado recém-aprovado pela Capes faz parte do PPGCEM (Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais) e terá a sua primeira turma em março de 2019 – o processo seletivo para alunos ocorrerá até fevereiro do próximo ano. O curso terá duas linhas de pesquisa, Desenvolvimento e Processamento de Materiais e
Resíduos, e segundo o diretor de Pesquisa e Pós-Graduação da Unesc, Oscar Montedo, este curso irá contribuir diretamente com o desenvolvimento de toda a região.
“Todos os processos industriais geram resíduos. É possível se dar diferentes destinações aos resíduos gerados, como a disposição em aterros controlados, mas esse resíduo pode ter seu valor aumentado, transformando esse subproduto em um produto comercial. Sem contar com a questão ambiental agregada a essa ação. Temas como Valorização de Resíduos e Economia Circular podem desta forma, elevar o nível de sustentabilidade de uma organização. Além disso, a inovação permeia as práticas de todas as organizações. No entanto, a inovação incremental por meio do desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços, em especial na área de materiais de nossa região, deve tornar-se a prática comum em nossas empresas. E este novo curso pode ajudar as empresas neste sentido”, comenta.
Montedo lembra que o Sul de Santa Catarina tem sentido a piora de seus indicadores de desenvolvimento no âmbito estadual e, por isso, é urgente a necessidade de se retomar o desenvolvimento da região. “Dentre as várias ações a serem consideradas para a retomada do crescimento de nossa região, obviamente que o aumento do nível de qualificação dos recursos humanos e de desenvolvimento de projetos de pesquisa e inovação assume papel crucial. Significa que a formação do doutor pode estar associada ao desenvolvimento de um projeto de P&D+I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) em parceria com uma empresa. Pretendemos, com isso, trazer mais problemas e desafios técnicos e tecnológicos das nossas empresas para dentro do ambiente acadêmico e propor soluções”, reflete.
Demanda reprimida
Entre Florianópolis e Porto Alegre não há nenhum curso de doutorado em Engenharia, o que gera uma demanda reprimida de profissionais a serem capacitados. “Já identificamos uma forte demanda na Unesc e em outras IES da região que possuem professores que querem se qualificar, além de profissionais de empresas da região. Vemos neste curso um importante vetor para a formação de recursos humanos qualificados na área de Engenharia”.
E não são apenas engenheiros que podem aproveitar a nova oportunidade. Segundo Montedo, a Engenharia de Materiais possui uma grande amplitude de atuação, incluindo áreas como a química, a odontologia, a energia, dentre outros. “Tudo o que está a nossa volta é material. Um dente, um osso, a pele, uma placa fotovoltaica, um tijolo, uma tinta especial, um componente de máquina, um aparelho celular, um medicamento, etc. Cabe aos profissionais de Engenharia de Materiais, com a participação de profissionais das outras áreas, estudar e compreender o comportamento dos materiais e sua aplicação as mais diversas necessidades atuais. Também por isso o doutorado é importante”.
Processo de aprovação
O PPGCEM da Unesc foi criado em 2011, com o mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais e, segundo o diretor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade, não é comum se aprovar um curso de doutorado em tão pouco tempo – a Universidade submeteu o projeto à Capes em 2017. Isto demonstra o elevado nível de qualificação dos cursos de mestrado e doutorado da Unesc.
Segundo Montedo, a produção científico-tecnológica da equipe conta muito para esta resposta em tão pouco tempo. “Essa qualificação não é apenas resultado da produção científica em termos de artigos de boa qualidade, mas a capacidade do corpo docente de buscar recursos para desenvolver projetos e de propor soluções inovadoras na área de materiais, muitas das quais patenteáveis”, afirma.
Desde o início do PPGCEM, foram captados no mercado recursos superiores a R$ 15 milhões em projetos de P&D+I, o que é possível, conforme Montedo, quando se tem um bom projeto, resultado de uma equipe qualificada. “A Capes considera vários aspectos, como a qualificação do corpo docente, o objetivo da proposta, a infraestrutura física/laboratorial e a demanda existente na região”, conta.
Texto: Milena Nandi
Foto: Arquivo