Setores econômicos da região reagiram à crise e esperam 2021 com boas expectativas, alinhadas a medidas de apoio do Governo Federal
Sem otimismo exagerado e com uma boa dose de cautela. Esse é o cenário que o setor produtivo da região vislumbra para 2021, ano que começará ainda marcado pela pandemia e seus reflexos na saúde e na economia mundial.
Para a economia, a leitura é que o pior ficou para trás. Há projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 3,5%, com a retomada da atividade de forma mais confortável, e com vigilância severa na inflação, desemprego e juros, que dependerão do controle da pandemia e da situação fiscal do país.
Mola do desenvolvimento econômico, o setor produtivo promete não decepcionar, assim como fez durante todo esse ano de grandes desafios. Empresas lutaram para manter produção e empregos, reinventaram-se, buscando inovação e adaptações.
“A balança comercial do Estado, em termos de exportação, não caiu como havíamos projetado, o que é uma ótima notícia. Nosso índice de crescimento foi bom. Tivemos alguns setores que não atingiram as metas, mas outros acabaram se superando, e acima do esperado. O que possibilitou o equilíbrio. Há setores com carteira de pedidos garantida para os primeiros meses de 2021. A projeção é otimista para 2021 porque o mercado está comprador”, destaca o vice-presidente Regional Sul da Fiesc, Diomicio Vidal.
De acordo com Vidal, o empresário catarinense mostrou sua força, superando-se e buscando alternativas. “Depois da tempestade sempre vem a bonança, e é nesses momentos de dificuldades que aprendemos e as empresas estão surpreendendo”, pontua.
A preocupação, conforme ele, é a falta de matéria-prima ao setor produtivo. “Grande parte dos segmentos tem sofrido com essa situação. Os fornecedores não estão dando conta da demanda. Devemos sofrer ainda durante o primeiro semestre do ano que vem com a escassez de insumos. A falta de mão de obra qualificada é outra dificuldade. Com a demanda acentuada, faltam profissionais especializados”, conclui.
Confecção começa recuperação
Um dos segmentos mais afetados pela crise, o setor de confecção e vestuário inicia recuperação. “Estamos começando lentamente a nos recuperar. Somos indústria de transformação e dependemos do comércio varejista, que inda não está a pleno, com um grande agravante. Estamos com aumentos abusivos, uma pela alta do dólar e o fato de nossos insumos e matérias-primas serem importadas, quase que 90%, e outra pela falta dessas matérias-primas e insumos para a produção, escassas no mercado”, explana o presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário do Sul Catarinense (Sindivest), Xandrus Galli.
Para Galli, o cenário econômico para 2021 é desconhecido. “É uma verdadeira incógnita. Estamos todos confiantes para o próximo ano, principalmente na descoberta de uma vacina que possa trazer de volta a normalidade e tranquilidade no varejo. Pois, enquanto não forem retomadas as atividades normais, com a chegada de uma vacina, e a diminuição das ondas de Covid-19, decretando lockdown em vários lugares do Brasil, onde nossa indústria regional atua, não saberemos realmente o que poderá acontecer. Estamos trabalhando um dia após o outro para podermos superar essa fase e entrar com a indústria a pleno novamente”, avalia o presidente do Sindivest.
Ano desafiador para o varejo
Também fortemente impactado, o varejo precisou rapidamente buscar novas formas de comercializar, e o e-commerce foi uma alternativa determinante para muitos lojistas manterem suas vendas.
“O ano de 2020 foi desafiador para todos os segmentos econômicos e fomos forçados a desaprender algumas práticas e aprender novas. No caso do varejo, a venda digital ganhou ainda mais presença. Esta transformação digital já era fruto de investimentos de franqueadores e varejistas de grande porte, mas o que 2020 nos mostrou é que não importa o porte e o segmento, todos os negócios de varejo terão que buscar alternativas para atender ao consumidor de forma remota. Os comerciantes que aderiram ao e-commerce neste ano registraram uma recuperação mais rápida”, destaca a presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Criciúma, Andrea Gazola Salvalággio.
Conforme Andrea, as perspectivas para o próximo ano são otimistas. “Os aprendizados que tivemos em 2020 e a perspectiva da vacina nos deixam otimistas para a retomada das vendas nas lojas físicas, porém com cenário econômico e da saúde ainda muito incertos, 2021 deve ser mais um ano de transformação e de adaptação”, ressalta.
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Texto: Deize Felisberto: Foto arquivo JB