BRASÍLIA (Reuters) - O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, rejeitou nesta quinta-feira, em seu primeiro pronunciamento após ser anunciado no cargo, a polarização entre economia e saúde no combate ao coronavírus, afirmando que as duas áreas caminham juntas, e se disse completamente alinhado com o presidente Jair Bolsonaro.
"A gente discutir saúde e economia, isso é muito ruim... Essas coisas são complementares", disse. "Uma coisa importante do desenvolvimento econômico é que ele arrasta as outras coisas", afirmou.
Bolsonaro demitiu nesta quinta-feira Luiz Henrique Mandetta do comando do ministério. O presidente e Mandetta vinham divergindo publicamente em torno da estratégia de isolamento social para conter a propagação do vírus. Bolsonaro defende a retomada da atividade econômica.
"Não vai haver qualquer definição brusca (sobre isolamento)", disse Teich, que defendeu a realização de testes de detecção de Covid-19 para que se conheça a doença. "O que é fundamental é que isso cada vez mais seja baseado em informação sólida", afirmou, acrescentando que trabalhará para que a vida dos brasileiros volte ao normal.
"Existe um alinhamento completo entre mim e o presidente", garantiu.
Quem é Nelson Teich, médico e empresário que substituirá Mandetta no Ministério da Saúde
O oncologista e empresário do setor da saúde Nelson Luiz Sperle Teich foi o escolhido para assumir o lugar de Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) como ministro da Saúde. Ele se reuniu nesta quinta-feira (16/04), no Palácio do Planalto, com o presidente
Jair Bolsonaro (sem partido), antes do anúncio da demissão de Mandetta.
Nascido no Rio de Janeiro, o médico se formou pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e se especializou em oncologia no Instituto Nacional de Câncer (Inca). Atualmente, é sócio da Teich Health Care, uma consultoria de serviços médicos.
Em sua primeira fala como ministro, ao lado do presidente, Teich afirmou que não haverá mudanças radicais na política adotada até agora e que tomará decisões com base em critérios técnicos. Disse, porém, existir um alinhamento completo entre ele e Bolsonaro.
"Não vai haver qualquer definição brusca ou radical do que vai acontecer. O que é fundamental hoje é que tenhamos mais informações sobre o que acontece com as pessoas com cada ação tomada", disse Teich.
O médico afirmou nesta quinta-feira "tem pouca informação, é confuso", o que leva muitas pessoas a tratarem "ideia como fato" e "cada decisão como um tudo ou nada".
Segundo ele, colher mais informações é fundamental para "entender o momento e qual caminho seguir para definir a melhor forma de distanciamento social e que isso seja cada vez mais baseado em informação sólida".
"Quanto menos informação se tem, mais é discutido na emoção. Discutir saúde e economia é ruim, elas não competem entre si."
Teich afirmou que tudo será tratado no ministério sob seu comando de "forma técnica e científica" e reforçou a importância de trabalhar com base em uma "área de dados e de inteligência" para cada ação tomada e fazer um programa robusto de testes para coronavírus.
"Quando se tem muita incerteza, colher dados é fundamental. Temos que entender mais da doença. Quanto mais fizermos isso, maior vai ser nossa capacidadade de administrar o momento, planejar o futuro e sair da política de isolamento, porque isso é fundamental. As pessoas vão ter muita dificuldade em se isolar."
"Estamos fazendo hoje para que a sociedade retorne cada vez mais rápido a uma vida normal", afirmou o novo ministro.
Teich atuou como consultor informal na campanha eleitoral do presidente, em 2018, e, na época, até chegou a ser cotado para o cargo, mas acabou preterido por Mandetta.
Ainda assim, participou do governo, entre setembro de 2019 e janeiro de 2020, como assessor de Denizar Vianna, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.
Dele, inclusive, foi sócio no MDI Instituto de Educação e Pesquisa. A empresa de pesquisa e desenvolvimento experimental em ciências sociais, humanas, físicas e naturais e treinamento em desenvolvimento profissional e gerencial foi aberta em março de 2009 e fechada em fevereiro de 2019, segundo consta no site da Receita Federal.
Em 1990, fundou o Grupo Clínicas Oncológicas Integradas (COI), sendo seu presidente até 2018 — em 2015, a empresa foi comprada pela UHG/Amil.
Também foi fundador — e presidente (pro bono) — do COI Instituto de Gestão, Educação e Pesquisa, organização sem fins lucrativos criada em 2009 para a realização de pesquisas clínicas e projetos e execução de programas de treinamento e educação em diversas áreas do cuidado do câncer, e, em 2016, do Medinsight - Decisões em Saúde, empresa de pesquisa e consultoria em economia da saúde.
E, entre 2010 e 2011, Teich, que é doutor em Ciências da Saúde - Economia da Saúde pela Universidade de York, do Reino Unido, prestou consultoria nesta área no Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo.
"O Nelson é dos principais oncologistas do país e é um grande empresário, empreendedor e gestor de saúde. Seu momento atual é de dedicação a causas públicas", diz Angélica Nogueira, diretora da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
Texto: Yahoo.com.br