Lançando mão de ferramentas como redes sociais e aplicativos de celular, restaurantes de Criciúma buscaram formas de seguir funcionando, ainda que parcialmente, pois a atividade é uma das que seguem restritas em Santa Catarina
Tempos de adversidade também podem abrir espaço para soluções criativas. Um bom exemplo são as empresas que encontraram alternativas para continuar atendendo seus clientes durante as restrições impostas no Estado, devido à pandemia de coronavírus. Lançando mão de ferramentas como redes sociais e aplicativos de celular, restaurantes de Criciúma buscaram formas de manter o funcionamento, ainda que parcialmente, pois a atividade é uma das que seguem restritas em Santa Catarina.
Foi preciso agir rápido para criar formas de aceitar pedidos on-line, entregar em casa ou deixar a encomenda pronta para o cliente passar e levar. Tirando da crise novas ideias para os negócios, como a ampliação do e-commerce e a incorporação de serviços, usados a princípio apenas de forma emergencial, como uma opção a mais para o cliente no futuro.
“Muitos restaurantes já tinham o delivery, embora não tanto como agora. Os que não tinham, como a Churrascaria Apolo, que ainda não tem, trabalham com pedidos retirados no balcão. No caso da Cantina Vettorazzi, passou a ter delivery também no almoço. A entrega muitas vezes é feita pelos proprietários mesmo, pela família. Havendo a necessidade, todos colaboram”, ressalta Leandro Vettorazzi, diretor comercial da associação Via Gastronômica Criciúma e sócio proprietário da Cantina Vettorazzi.
Segundo ele, outro canal que funciona bem para as empresas é o WhatsApp. “Passou a ser uma ferramenta muito boa, porque os clientes podem pedir antecipadamente por ali e, quando chegam, o pedido já está pronto, com o mínimo tempo de espera possível. E muitas vezes sendo levado até o carro”, detalha.
As iniciativas foram bem acolhidas pelos consumidores, conforme Vettorazzi. “As pessoas têm seus restaurantes de preferência e assim podem ter em casa todos aqueles pratos que eram acostumados a ter”, pontua.
Faturamento
Outro integrante da Via Gastronômica Criciúma, que pediu para não ser identificado, conta que o restaurante também começou a aceitar pedidos via WhatsApp e Ifood (aplicativo para celular), para entregas ou retirada no local. “A recepção foi boa, muitos clientes aderiram e ficaram satisfeitos. Pretendemos continuar com esses serviços depois que o funcionamento normal voltar a ser autorizado”, relata o empresário.
De acordo com ele, essas práticas permitiram que o estabelecimento mantivesse uma pequena parte das vendas realizadas anteriormente. “O faturamento caiu cerca de 70% e por conta disso teremos que diminuir a equipe. Contamos agora com 12 colaboradores”, informa.
Demissões
O fechamento de postos de trabalho no setor já é considerado inevitável. “Algumas casas já fecharam, quem está trabalhando tenta com isso ver se consegue cobrir os custos fixos. Muitos vão passar meses sem ter lucro, mas a tentativa é de manter as portas abertas. Lógico que isso vai gerar desemprego. Muitas empresas já demitiram e muitas outras demissões virão”, projeta Vettorazzi.
Conforme os dados da Via Gastronômica, o setor gera em torno de 10 mil empregos diretos em Criciúma. “Penso que 20% desses empregos serão finalizados. Seriam 2 mil desempregos”, estima.
“Mesmo quem conseguiu dar férias em abril vai ter muitas dificuldades para manter esse pessoal a partir do próximo mês. Muitos vão usar a segunda opção, que é dispensar as pessoas, porque não tiveram a ajuda necessária do governo para suportar esse período”, analisa o presidente da Via Gastronômica, Valsi Mazzetto.
Mobilização
Para Mazzetto, a situação é falimentar para muitas empresas, sobretudo as micro e pequenas, do ramo de alimentação. Na avaliação dos empresários, os estabelecimentos também poderiam ter o funcionamento autorizado, a exemplo do que já ocorreu com outras atividades.
“O setor entende que tem todas as condições para atender os cuidados em relação ao distanciamento entre os clientes, a higienização. Essa sequência de dias parados só traz prejuízos. A mobilização tem sido feita, mas parece que isso não sensibiliza as autoridades”, considera Mazzetto.
Uma nova tentativa de sensibilização do Governo do Estado será realizada a partir de uma reunião agendada para esta sexta-feira, dia 17, às 10 horas, na Associação Empresarial de Criciúma (Acic). O encontro, observando as regras de distanciamento físico, terá a participação do presidente da entidade, Moacir Dagostin, de representantes da classe empresarial de ramos como o de alimentação e academias, além de parlamentares da Região Carbonífera.
Texto e foto:Deize Felisberto