Do carvão à cultura: Centro Cultural marca história de Criciúma

Do carvão à cultura: Centro Cultural marca história de Criciúma
No início, sede do DNPM, cárcere na Ditadura Militar e, hoje, berço da cultura na cidade   Filha do homem que dá nome ao prédio, Rosane Zanatta Peruchi, descreveu o sentimento no momento em que o pai recebeu o convite para ser eternizado no Centro Cultural. “Orgulho! Foi tudo o que sentimos!”, relatou. O convite veio pelo então presidente da Fundação Cultural de Criciúma (FCC), Henrique Packter. Uma forma de agradecimento a quem muito contribuiu para uma das primeiras reformas do espaço. O ano era 1996, mas o Centro Cultural Jorge Zanatta já carregava muita história. Em plena Segunda Guerra Mundial, a construção de um imponente casarão na rua Pedro Benedet era símbolo de conquista, crescimento e desenvolvimento econômico para Criciúma. Uma construção que tem muitas histórias guardadas, acompanhou os mineiros, foi cárcere na Ditadura Militar e a marca da cultura na cidade. O emblemático prédio, denominado Centro Cultural Jorge Zanatta, volta a respirar e ganha vida nesta sexta-feira (14). No início de tudo, a sua construção teve como finalidade ser a sede do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), atendendo aos três estados do Sul. E já à frente do seu tempo, o local foi o primeiro da região a ter implantado o serviço de água tratada. Pioneiro também na saúde, o centro foi o primeiro de Santa Catarina a receber um equipamento de raio X. No antigo prédio, os mineiros recebiam cuidados médicos e o departamento supervisionava todo o trabalho da indústria carbonífera. Em 1962 o DNPM foi desativado e o prédio passou a ser controlado pela Comissão Executiva do Plano de Carvão Nacional (CEPCAN). Ali, o casarão, que até então serviu como lugar de acolhimento de cuidados, se transformou em cárcere. Em duas salas, muitos cidadãos passaram a ser presos na Ditadura Militar. Assim, quando foi desativado novamente, virou espaço para o Conselho Nacional do Petróleo (CNP), sendo então conhecido como prédio do CNP. Só em 1993, a Fundação Cultural de Criciúma conseguiu a ação de posse. Nas paredes o casarão tem muitas memórias, lembranças de tempos que muitos criciumenses ainda nem tiveram a oportunidade conhecer. Mas muitos já passaram por lá, pelo menos avistaram a fachada. A partir de 1993, o edifício virou o lugar que semeava a cultura da região.   Texto: Ana de Mattia Foto: Arquivo/Decom