Tribunal de Justiça aceita denúncia para abrir ação penal contra prefeito de Criciúma Clesio Salvaro

Tribunal de Justiça aceita denúncia para abrir ação penal contra prefeito de Criciúma Clesio Salvaro
Outras 20 pessoas também se tornaram réus com a decisão

A 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, em julgamento que teve duração de 4 horas e 30 minutos na quinta-feira, 14 de novembro, aceitou na íntegra denúncia formulada pelo Ministério Público contra o prefeito de Criciúma e mais 20 pessoas. Todos, agora, se tornam réus e vão responder por organização criminosa e corrupção passiva, entre outros delitos, supostamente por montarem um complexo e permanente esquema de crimes contra a administração pública e consumidores em Criciúma, sobretudo no controle do serviço funerário.  O caso tornou-se público após a deflagração da Operação Caronte, no sul do Estado, neste ano.

 

A sessão no TJ começou às 9h30min e registrou mais de 15 sustentações orais formuladas por advogados em atuação na defesa dos 21 acusados. Só esta etapa se estendeu por 4 horas, ininterruptamente, até às 13h40min. Neste momento, a câmara promoveu a suspensão dos trabalhos para almoço e retornou com o julgamento exatamente às 15 horas. O voto da desembargadora Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt Schaefer, relatora da matéria, foi prolatado em pouco menos de 30 minutos. 

 

A magistrada rejeitou todas as nulidades levantadas da tribuna pelos defensores e aceitou a denúncia do MP em sua integralidade, por considerar presente a justa causa para agir por conta dos indícios existentes no inquérito de mais de 15 mil laudas. Seu voto foi acompanhado de forma unânime pelos desembargadores Luiz Cesar Schweitzer e Luiz Neri Oliveira de Souza. “Acompanho a relatora por tudo que ela expôs em seu voto”, justificou Schweitzer. “Creio que foi um voto muito claro e coeso, de forma que também acompanho a posição da desembargadora Cinthia, arrematou Luiz Neri.  As medidas cautelares ainda vigentes deverão ser analisadas individualmente em próximas sessões do colegiado.

 

A 5ª Câmara Criminal do TJ, presidida pelo desembargador Antônio Zoldan da Veiga, também deliberou por encaminhar gravação integral das sustentações orais registradas na sessão para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SC) e também ao Ministério Público de Santa Catarina, para que possam analisar e adotar as medidas que entenderem cabíveis, após ponderação da desembargado Cinthia: “Pelo que vimos hoje aqui, acho que faltou serenidade, educação e respeito. Os advogados estão aqui para defender seus clientes, mas não para atacarem uma instituição.

Salvaro foi preso e afastado do cargo em 3 de setembro dentro da Operação Caronte, que investiga irregularidades na prestação dos serviços funerários em Criciúma. Ele foi solto em 23 de setembro, mas seguia sem poder entrar na prefeitura.

 

Poder Judiciário autorizou que ele voltasse ao cargo em 31 de outubro. O vice-prefeito, Ricardo Fabris (MDB), ficou como responsável pelo município enquanto Salvaro estava preso ou afastado.

 Operação Caronte

Salvaro foi detido na segunda fase da Operação Caronte. Na primeira etapa, em 5 de agosto deste ano, buscas foram feitas na sede da prefeitura de Criciúma e na casa do prefeito. Na época, foram cumpridos sete mandados de prisão pelo suposto esquema no serviço funerário.