Mãe Faz abaixo Assinado :Chega de negligência médica, quero justiça pelo meu filho Lucas
Me chamo Rafaela Maranhão e eu perdi o meu filho Lucas por negligência médica. Descobri a minha gestação dia 28/03/2020. A pandemia tinha acabado de começar no Brasil, entrei em contato com o meu convênio, Intermédica, solicitando uma consulta com um obstetra, mas o convênio estava sem agendamento para Guarulhos. Comecei, então, a passar no particular com uma médica em Atibaia. O convênio Intermédica saiu em várias emissoras de TV, justamente, por negar atendimento a gestantes. Todos sabem que estar gestante é um momento que requer muitos cuidados médicos e não tem como aguardar.
Fiz todos os exames, até que, com 22 semanas, descobri que havia uma artéria única no cordão, era isolada o bebê estava perfeito. Na curva glicêmica constataram diabetes gestacional e foi aí que começou o meu pesadelo. Assustada, comecei a fazer o controle 4x ao dia, não comia doce para não acontecer nada com o meu filho. Tomava todos os cuidados.
Passei com o meu médico do pré-natal no dia 03/11/2020 e pedi para realizar o parto do Lucas com 37 semanas e ele me informou que o convênio não faria a cesária antes de 39 semanas, solicitou o agendamento para o dia 25/11/2020 e o convênio reagendou para o dia 26/11/2020 porque não tinha vaga. Sendo que é obrigatório que gestante com diabetes gestacional seja internada com 36 semanas para acompanhamento diário.
Com 37 semanas, passei a ir ao hospital credenciado pelo convênio toda semana verificar como estava o Lucas, no dia 17/11/2020 às 08:21, com 38 semanas, dei entrada no hospital Intermédica de Guarulhos dizendo que sentia o Lucas mexer menos e que estava com uma dor no pé da barriga. Às 08:40 instalaram o cardiotoco, que ficava toda hora disparando, e a auxiliar de enfermagem que instalou falava que era normal, que o aparelho tinha horas que dava alterado.
A médica veio no local que estava rodando o exame e eu solicitei que ela fizesse o meu parto, porque sentia que havia algo de errado. Mas ela disse que não, que primeiro ia solicitar um ultrassom. Fui fazer o ultrassom às 09:15 e perguntei para o médico se estava tudo bem, ele disse que sim, colocou o coração para eu escutar e estava 148 bpm.
Retornei na médica que me atendeu às 10:45 e ela me fez um toque e o colo do útero estava fechado, pedi novamente para tirar o Lucas. Ela, mais uma vez, me negou e falou que o ultrassom confirmava que estava tudo bem e me solicitou uma glicose na veia, questionei ela por estar com diabetes gestacional e ela disse que era protocolo.
Confiei nessa médica e fiquei aguardando a glicose, toda hora eu ia cobrar a enfermagem porque estava com medo de tanto que demorava e eles falavam que eu tinha que aguardar porque não tinha chegado a medicação. A glicose chegou às 12:20. Quando deu 13:44, eu peguei essa medicação na mão e sai pelo corredor, o primeiro médico que eu vi eu informei que havia algo de errado meu filho não estava mexendo.
Ele pediu para a mesma auxiliar rodar o cardiotoco e ela disse que não achava foco, chamou a enfermeira e o médico. O coração do Lucas estava fraco, me mandaram para a cesária de urgência às 14:10. O médico da cesária mostrou para o meu esposo, meu filho estava todo enrolado no cordão umbilical, várias voltas no pescoço e no corpo e havia um nó verdadeiro de cordão. Ele já nasceu sem vida, tentaram reanimar de todas as formas e meu filho estava morto, ele nasceu com 53cm e 3.535kg.
Meu esposo Rodrigo e eu ficamos em choque com aquela cena de filme de terror, me ofereceram colocar ele no meu peito mas eu não conseguia, não estava acreditando que aquilo era verdade. Mataram o nosso sonho, eu não tinha coragem de olhar para o meu filho, eu fiquei desesperada! Eu fiz de tudo por ele e quem poderia salvar não fez nada!
Ao pegar meu prontuário, o cardiotoco das 08:40 era categoria II, a conduta correta era ter me mandado para cesárea de urgência, meu filho morreu por falta de oxigênio!!! Ele pedia socorro desde a hora que eu cheguei, como que o médico do ultrassom não viu as voltas do cordão?
Eu quero justiça pelo meu filho Lucas! Que os culpados paguem pelo erro que cometeram!!! Não deram importância às minhas queixas e questionamentos!
Quero justiça para que outras mães não passem por essa dor que vou carregar o resto da minha vida! É uma vida que carregamos, nenhuma mãe merece ser tratada dessa forma que eu fui tratada. Eu estou de licença maternidade vivendo um luto.
O Lucas era muito esperado por todos nós! Os bisavós, um com 85 anos e outra 78 anos, desde o falecimento do meu filho vem apresentando problemas de pressão. Eu e o meu esposo estamos fazendo tratamento psicológico para tentar amenizar esse sofrimento, tenho uma cicatriz no meu corpo dormência do umbigo até o corte e não tenho o principal: que é o meu filho nos meus braços.
Quantas mães vão ter que passar por isso para alguém fazer algo? Eu demorei 6 horas dentro de um hospital para tomarem uma conduta, porque eu fui atrás de ajuda.
O convênio Intermédica cobra um preço barato para que os grandes empresários contratem o serviço horrível deles. Eu tinha que fazer ultrassom em Higienópolis e no Ipiranga, porque não tinha vaga em Guarulhos. Esse convênio quer abraçar o mundo e no final não abraçam ninguém da forma correta, contratam funcionários desqualificados para socorrer vidas, só pensam em dinheiro no bolso qualidade zero. Os hospitais do SUS têm a lei de Manchester, que é a identificação para representar a gravidade do quadro e o tempo de espera do paciente, coisa que o Hospital Intermédica de Guarulhos não segue.
Eu desejo que a Justiça pelo Lucas seja feita! Que haja investigação séria do ocorrido e que as pessoas e instituições responsáveis sejam julgadas e devidamente penalizadas pelo absurdo que cometeram com o meu filho!
#JustiçaPeloLucas