Dignidade menstrual: Poder Judiciário de SC entrega absorventes para entidade de Criciúma
Mais um ato na promoção da dignidade menstrual aconteceu nesta quinta-feira (12/5), em Criciúma, com a entrega feita pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid), do Poder Judiciário de Santa Catarina (PJSC), de 3.680 absorventes descartáveis para o Grupo de Apoio e Prevenção à Aids de Criciúma (Gapac).
A entrega da campanha Dignidade Menstrual, promovida pela Cevid e Diretoria de Saúde do PJSC, foi feita pela desembargadora Salete Silva Sommariva, coordenadora da Cevid. Em conversa com as integrantes do Gapac e pessoas beneficiadas pela entidade, a desembargadora destacou a importância de se conhecer a realidade das pessoas beneficiadas e como a troca de vivências é enriquecedora e fortalece ainda mais a causa do combate à pobreza menstrual. “As mulheres não terem sequer um absorvente para usar no período menstrual as afasta do trabalho, do convívio social, afasta meninas da escola, é um problema social muito grande. As pessoas têm que parar para pensar que é uma questão que afeta as mulheres em todas as áreas e temos que tentar resolver”. Segundo ela, além da questão da humilhação das mulheres por usarem métodos alternativos para conter o fluxo, existem os riscos relacionados à saúde.
Também presente na entrega, o juiz Marlon Jesus Soares de Souza, diretor do foro da comarca de Criciúma, afirmou que quando recebeu o convite fez questão de estar presente no ato, além de como representante do judiciário local, também como figura masculina na discussão, visto que os homens pouco participam deste debate. “Existe uma pobreza menstrual também relacionada à consciência desse tema, especialmente de homens que não sabem o que é menstruação, como acontece e afeta a vida da mulher”. Segundo o magistrado, projetos como este são fantásticos, mas o problema é mais grave. “Meninas aprendem sobre a menstruação, mas os meninos não. Precisamos também de educação aos homens sobre essa questão”.
A assistente social do Gapac, Anne Schmitz, agradeceu a doação do Judiciário catarinense e contextualizou a importância deste tipo de iniciativa com o relato de diversas pessoas atendidas pela entidade. Segundo ela, mulheres relataram o uso de panos, folhas secas e jornal na contenção do fluxo menstrual e também a emoção das que recebem o kit de higiene distribuído pela entidade. “É tão doloroso, tão sofrido uma pessoa usando folha seca com sacola plástica e tentar sobreviver. É uma violência não só contra essa pessoa, contra todas as mulheres e todos os cidadãos, permitir que um ser humano passe por esse sofrimento”. O Gapac promove, desde de maio de 2021 o projeto Menstrue Livremente, que distribui kits de higiene contendo absorventes e materiais de higiene pessoal. “Gostaria de agradecer muito, pois o projeto já deu certo. As doações são muito importantes, mas o diálogo é o que faz a diferença”, destacou a assistente social.
Também presente no evento, a vereadora Giovana Mondardo, autora da lei municipal que institui diretrizes para a Política Pública Menstruação sem Tabu, pontuou que “entre as pessoas que menstruam não há tabu, mas para o restante da sociedade ainda é algo muito pouco falado”. “Por isso temos que falar mais sobre acesso ao absorvente, trazer condições para que as pessoas tenham acesso com dignidade e essa é uma responsabilidade nossa e da sociedade”.
Texto e fotos: Fernanada de Maman