Pode parecer estranho, mas Banco de Dentes Humanos existe sim. Como todo órgão humano, os dentes também têm um destino científico correto quando "descartados". O BDH (Banco de Dentes Humanos) da Unesc existe desde 2011 e a sua principal função é contribuir para o aprendizado e para o estudo de acadêmicos e acadêmicas do curso de Odontologia da Unesc, proporcionando o destino correto de descarte.
O BDH é um projeto de Extensão permanente e tem como propósito suprir as necessidades acadêmicas, fornecendo dentes humanos para pesquisas ou para treinamentos laboratoriais pré-clínicos dos estudantes.
Além disso, o Banco contribui no combate ao comércio ilegal e na infecção cruzada de dentes utilizados na graduação na Universidade. “Nossos alunos de graduação e pós-graduação utilizam dentes legalizados e preparados para manuseio, evitando a infecção cruzada” explica a coordenadora do BDH, Anarela Bernardi Vassen.
Os mais de 16 mil exemplares que fazem parte do acervo são cuidados por bolsistas do programa. De acordo com a bolsista voluntária Ana Carolina Albino, há um extenso procedimento para a utilização dos dentes captados pelo Banco. “Primeiro, nós colocamos os dentes no ácido peracético (substância utilizada para esterilização química) e então fazemos a limpeza do dente e, novamente, os dentes passam por um processo físico de esterilização, sempre pensando na segurança para os estudantes”, comenta
Contribuição na graduação
Na profissão, o dentista tem contato direto com os pacientes e para isso, durante o curso, diversas disciplinas realizam o treinamento pré-clínico. A disciplina tem o objetivo de fazer com que os alunos utilizem os dentes para técnicas de tratamento clínico. “O treinamento pré-clínico é realizado em dentes naturais, nos laboratórios da Unesc, e esta é a melhor forma de reprodução da situação clínica, ao qual os alunos serão expostos nos próximos semestres”, comenta a coordenadora.
Os alunos vão ao banco de dentes e os utilizam para estudo. “O estudante tem comprometimento em devolver os dentes após a utilização, por isso temos um respaldo ético e legal com os dentes que também são órgãos” acrescenta Ana Carolina.
De acordo com a lei nº 9.434, de fevereiro de 1997, regulamentada pelo decreto nº 9.175, de outubro de 2017, que rege a implementação dos transplantes no Brasil, na qual os dentes foram reconhecidos como órgãos, o projeto do banco de dentes humanos passa a ser implementado nas universidades, tendo grande relevância no processo ético e de conscientização da sociedade.
Dentes provenientes de doações
As doações vêm dos mais diferentes lugares, como cirurgiões dentistas, acadêmicos e próprios dentistas da região. “Temos um convênio com as UBS (Unidade Básica de Saúde) da Amrec (Associação dos Municípios da Região Carbonífera), em que eles doam os dentes das Unidades para nós”, comenta a Ana Carolina.
Qualquer pessoa ou profissional de odontologia pode doar para o banco de dentes humanos. O dente pode ser decíduo (de leite) ou permanente, seja sadio, cariado, restaurado ou amarelado.
Texto e foto: Comunicação Unesc