Professores da Unesc reconhecidos entre os melhores educadores do Brasil

Professores da  Unesc reconhecidos entre os melhores educadores do Brasil
O Sul de Santa Catarina teve, pela primeira vez, professores reconhecidos como os melhores do Brasil pelo prêmio Educador Nota 10, concedido anualmente pela Editora Abril e a pela Rede Globo. Em 2018, dois profissionais graduados pela Unesc estão entre os dez escolhidos como os que mais se destacaram na Educação Básica nacional por suas práticas diferenciadas no ensino. Na edição deste ano, o prêmio chegou a marca de quatro mil inscrições. Em 2018, os egressos de Artes Visuais da Unesc Mikael Miziescki e de Letras Cristiane Dias, foram selecionados no Educador Nota 10 e vão receber a premiação no dia 1º de outubro, quando concorrem ao título de Educador do Ano. Para Cristiane, que participou quatro vezes desde 2009, a vitória vai além de receber o prêmio: significa contribuir com a educação. “Conheci o prêmio em 2008, quando a professora Ana Lucia Pintro ficou entre os 50 selecionados com seu projeto de ensinar Matemática. Assim, ela me inspirou e agora espero também ser inspiração. Quero incentivar meus colegas da região a crescer, evoluir e melhorar cada vez mais nossa educação”, afirma Cristiane. Já para Miziescki, formado há apenas dois anos, sua maior conquista foi ensinar os valores e a beleza da arte às crianças da comunidade de Nova Roma, Morro Grande. “Desafiei-me a entender a realidade escolar naquele espaço, compreendendo que a cidade possui aproximadamente três mil habitantes e que a maioria trabalha com agricultura. Percebi então que os alunos tinham um grande potencial artístico, que era pouco explorado e que suas visões eram restritas a propagações estereotipadas”, explica. A reitora da Unesc, Luciane Bisognin Ceretta, destaca que ter estes egressos entre os vencedores do prêmio demonstra o potencial das pessoas que passam pela Unesc. “Nos sentimos muito felizes em fazer parte da trajetória desses educadores e de eles também fazerem parte dos 50 anos da Unesc. Temos que os parabenizar pela luta diária em prol da Educação Básica de qualidade”, ressalta Luciane. Educação e inclusão através do Inglês A iniciativa “We speak the same language” (Nós falamos a mesma língua), proposta pela professora de Inglês Cristiane Dias, desenvolve atividades interativas e explicativas, que retratam a importância da Língua Inglesa no dia a dia. “A intenção foi criar uma reflexão que vai da sala de aula até a sociedade em que vivemos, colocando em pauta temas atuais como preconceito e educação”, conta. Cristiane explica que a ideia surgiu após presenciar a dificuldade de imigrantes se comunicarem com uma vendedora em um shopping da região. “Eles buscavam informações sobre empregos, mas nem a vendedora e nem ninguém conseguia ajudar. Então me ofereci para orientar. Quando estava indo para casa refleti sobre situação”. Durante a atividade, os alunos escreveram diálogos e gravaram suas produções em áudio ou com ajuda de aplicativos, que permitiram criar “avatares” que ‘falam’ o texto digitado com diferentes sotaques, retratando as diversas possibilidades de conversação e sensibilizando os jovens para temas como empatia, respeito e diversidade. Segundo a avaliadora do Educador Nota 10, Laura Meloni Nassar, Cristiane dribla a ideia de que não se aprende Inglês em escola pública. “Ela mostrou a importância de ter uma língua em comum, trazendo para a aula conteúdos importantes para que as crianças pudessem conversar, pedir ou dar informações a quem precisasse, como a nomenclatura de lugares e as instruções para chegar até eles”, comentou Laura. A atividade foi colocada em prática com 45 alunos do nono ano na escola Maria José Hülse Peixoto, do bairro Brasília. Uma nova perspectiva da arte A ideia de Miziescki se utilizou da arte para desconstruir estereótipos e criar novos entendimentos sobre educação e criação de cultura. Por meio de estudos sobre a história da arte brasileira e mundial, produções de artistas catarinenses, visitas técnicas e atividades artísticas-culturais, que buscaram estimular um pensamento mais crítico nos pequenos artistas, o projeto “Morro Grande em Arte” questionou o que as crianças sabiam e revelou um novo olhar sobre a arte. “Os alunos desconheciam artistas catarinenses e contemporâneos brasileiros. Existia um preconceito com relação ao abstrato e uma ridicularização da cultura local. Eles sofriam quando não atingiam suas expectativas perante a ideia de belo. Mesmo com todas as dificuldades, as produções e os conceitos foram me surpreendendo, onde percebi que eram muito inquietantes para ficar apenas restritas às paredes da escola”, frisa. Implantada em 2014, a iniciativa propôs que os estudantes criassem sua própria versão da arte e resultou em mais de 700 produções, que foram expostas para mais de 1.400 expectadores. Após avaliar a iniciativa, a especialista de renome nacional em Educação Infantil e ensino de Arte, Marisa Szpigel – uma das avaliadoras do prêmio – destacou o projeto de Miziescki como inovador. “Ele coloca em foco os espaços e a curadoria, os tratando como conteúdo a ser estudado. Desde o início do ano os alunos sabem que seus trabalhos serão expostos, então se engajam em pesquisas sobre arte e a experimentam, com técnicas e linguagens ao elaborar suas criações”, destaca Marisa. O dia a dia do projeto pode ser acompanhado na página do Facebook. Clique aqui para conhecerhttps://www.facebook.com/morrograndeemarte/ Prêmio Educador Nota 10 Criado em 1998, o Prêmio Educador Nota 10 reconhece professores da Educação Infantil ao Ensino Médio e também coordenadores pedagógicos e gestores escolares de escolas públicas e privadas de todo o país. Ao longo das 20 edições realizadas foram premiados 221 educadores, entre professores e gestores escolares, que receberam aproximadamente R$ 2,58 milhões. Na edição de 2018, além dos egressos da Unesc, oito educadores de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo foram escolhidos. Em 21 anos apenas cinco professores catarinenses foram contemplados. Além da Editora Abril e da Rede Globo, o prêmio é concedido pela Fundação Roberto Marinho e FVC (Fundação Victor Civita). Texto e foto: Comunicação Unesc