Primeiro mestrando indígena da Unesc defende tese e recebe aprovação
Uma Universidade Comunitária tem como princípio colaborar com desenvolvimento social por meio do Ensino, da Extensão e da Pesquisa. Faz parte deste papel abrir as portas para todas as tribos, raças, sexos e preferências, maiorias e minorias, e oportunizar o acesso à educação à todos.
É por isso que esta semana entra para a história da Unesc como o marco de uma conquista inédita. Nesta quinta-feira (15/11) a Universidade oficializou a titulação do primeiro mestre indígena da Instituição com a defesa do trabalho “Nhandereko Yvyrupá Py: Modo de Viver Guarani na Terra Indígena Tekoá Marangatu, Imaruí, SC, Brasil” do mestrando Fabiano Alves no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA).
Caraí, como é seu nome em Guarani, realizou com maestria a sua defesa, que teve como propósito mostrar a cultura, costumes e tradições do seu povo. A dissertação do acadêmico Guarani, ocorreu na sala 104 do Bloco P, com a presença de convidados que tiveram um importante papel para a concretização desta conquista.
A banca composta para avaliar a apresentação da tese contou com o professor doutor Juliano Bitencourt Campos, presidente e orientador, o professor doutor Geraldo Milioli, membro do PPGCA, o professor doutor Marlon Borges Pestana, membro externo da Universidade Federal do Rio Grande (UFRG). Ao final da dissertação, os avaliadores aprovaram a defesa do mestrado.
Um dia após o seu aniversário, Caraí fez questão de demonstrar o seu agradecimento pela sua conquista. “Nesse momento estou realizando, alcançado e concluindo o tão sonhado mestrado. Quero agradecer a Universidade por abrir as portas para eu poder frequentar e mostrar um pouco do meu conhecimento tradicional Guarani por meio da escrita, da pesquisa e do meu trabalho. Agora o importante é a comemoração desta conclusão do estudo, do mestrado, algo que sonhei desde criança que é poder adquirir o conhecimento. Avete! Muito obrigado!”, agradeceu.
O professor do PPGCA e orientador do mestrando, Juliano Bitencourt, destacou que este dia fica como um momento histórico para a nossa região como algo de relevância e importância muito grande para a luta dos povos originários. “Caraí é o primeiro indígena a estudar na Unesc.
O primeiro dos povos originários a fazer um programa de mestrado, que tenho certeza que é o primeiro de muitos. Fabiano representa esse momento de mudança de paradigma para a própria Universidade. Quero aproveitar para agradecer, principalmente a reitora Luciane Bisognin Ceretta, que representa toda essa família Unesc, abraçando desde o início a ideia.
Parabéns à professora Normélia, que abriu as portas do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi). Aqui finalizamos um sonho, mas acredito que seja o início de muitos outros que virão em uma parceria muito grande, no sentido da Universidade ampliar o acolhimento aos povos originais”, avaliou.
Texto e fotos: Décio Batista