A indústria química do Sul de Santa Catarina pode enfrentar uma greve de seus trabalhadores a qualquer momento. A informação é do presidente do sindicato da categoria, Carlos de Cordes, o Dé, assim que recebeu ofício com a proposta patronal para renovação da convenção coletiva dos quase 3 mil trabalhadores que atuam em cerca de 120 empresas na região.
A greve, segundo Carlos de Cordes, poderia ter começado ontem, quarta-feira (29), mas o sindicato patronal solicitou mais um prazo para reunir sua diretoria e apresentar uma nova proposta. “A diretoria do Sindicato e os trabalhadores químicos se sentem traídos, enganados, pois suspendemos a greve e a proposta que recebemos é a mesma da quarta e última rodada de negociações”, explicou o presidente do sindicato profissional.
No documento a classe patronal reafirma que não pretende conceder aumento real aos seus empregados, repassando tão somente a inflação do período medida pelo INPC, que totaliza 1,83% e sinaliza com intenção de promover redução de 60 para 30 minutos do período destinado a alimentação e descanso dos trabalhadores.
Os patrões também querem deixar de contribuir, depois de mais de 20 anos, com parte dos custos de manutenção de serviços médicos, odontológicos e sociais prestados pelo sindicato aos trabalhadores. De Cordes salienta que “quem adoece o trabalhador não é o Sindicato, mas sim as empresas e eles querem deixar de contribuir com a saúde e o bem estar de seus empregados”.
“Repassar apenas a inflação a trabalhadores que tem média salarial inferior a R$ 2 mil é um desrespeito, é falta de consideração é uma diferença inferior ao valor de um botijão de gás, reduzir o intervalo de descanso é só uma forma de fazer o profissional trabalhar mais meia hora por dia, sem nenhuma vantagem e não vamos aceitar essa situação; os químicos farão mais uma greve histórica”, disse Dé.
Texto e foto: Gilvan de França