O clima era descontraído, mas o papo muito sério. Adolescentes de 13 a 15 anos da Escola Irmã Edviges, de Criciúma, passaram por uma experiência transformadora junto à Unesc. Por meio de debates e atividades diversas, o projeto “Aplicação da justiça restaurada para causas de bullying no ambiente escolar”, levou os estudantes a refletirem sobre comportamentos que podem muitas vezes parecer “brincadeira”, mas acabam por trazer graves prejuízos físicos e psicológicos entre os colegas.
A aluna Júlia Mafiolete conta que, após participar no projeto, percebeu que muitas vezes as atitudes preconceituosas não aparecem de forma clara. “Eu cresci em uma família que me ensinou o respeito, o certo e o errado. Mas ao debater sobre o assunto junto com o projeto, eu descobri diversas questões que nós nem percebemos o preconceito, mas que ele está ali. Hoje eu tomo bastante cuidado e corrigo os colegas que trazem atitudes assim. É importante ter consciência do respeito.”, comentou a aluna.
Uma das autoras do livro “Direitos Humanos, Fraternidade e Bullying: momentos de reflexão e caminhos dialógicos", a professora Sheila Martignago Saleh, também coordenadora do projeto, comentou que em sua pesquisa para a obra, ao ter contato com as escolas da rede pública de Criciúma, uma estatística trouxe preocupação. “Cerca de 45% dos estudantes das escolas públicas sofrem bullying. Para combater esses números, o projeto aborda temáticas que motivam tal comportamento, fazendo os estudantes entenderem que é a intolerância do diferente que leva à violência. É preciso ter respeito ao próximo, independentemente de qualquer coisa”, ressaltou Sheila.
Racismo, Deficiência, padrões de beleza, empoderamento de gênero, sexismo, feminismo, entre outros temas, foram desenvolvidos junto aos alunos.
Mudança de comportamento é visível na turma
A professora de Língua Portuguesa Marilda Nascimento, convive com os estudantes dia após dia. Segundo ela, ocorreu uma grande mudança. “Eles criaram uma consciência diferente, são mais críticos e construíram um respeito maior entre eles que é extremamente visível. O discurso é outro, a forma de ver as coisas. Até algumas “piadinhas” que ocorriam antes em sala de aula não existem mais, um passou a corrigir o outro mostrando que não era legal rir do colega apenas por ele ser diferente”, afirmou a professora.
Este projeto está há um semestre instalado na escola, e teve a sua finalização com a entrega de certificados terça-feira (28/11). Mas segundo a coordenadora pedagógica da escola, Maria Dolores Denski, a parceria já ocorre há três anos com a Unesc. “Nós adoramos receber os projetos de extensão da Universidade em nossa escola. Eles contribuem para a mudança da cultura dos nossos alunos, que se ocupam em um outro período, além da sala de aula, para discutirem questões que fortalecem a construção cidadã. Somos uma escola diferenciada por ter a Unesc conosco”, contou.
Saiba mais
O projeto faz parte do DIDH (Programa Diversidades, Inclusão e Direitos Humanos) da Universidade, e também conta com a participação dos professores Fabrizio Guinzani e Cristina Kern, e das alunas Daniela Laura Klement, Letícia Aline dos Santos Justi, Laura Barg Comim e Maria Julia Rodrigues Grafulim.
Texto e foto: Assessoria de Imprensa Unesc